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A minha Experiência com Cancro da Mama

Vou aqui contar a minha experiência. Um Blog criado para falar sobre cancro da mama, do dia a dia e outras coisas.

A minha Experiência com Cancro da Mama

Vou aqui contar a minha experiência. Um Blog criado para falar sobre cancro da mama, do dia a dia e outras coisas.

A MINHA HISTÓRIA

A descoberta

 

Sempre fui uma pessoa saudável, em 2006 com 34 anos tive um filho lindo, o qual amamentei cerca de 10 meses. Em Agosto de 2008 acordei um dia de manhã e estava a perder um liquido amarelado do peito. Achei aquilo um pouco estranho e pensei na minha ingenuidade subida de leite passado quase um ano? Que estranho! Dirigi-me ao hospital Cuf Descobertas para ver o que se estava a passar, ia com um espírito extremamente positivo. Após uma pequena espera da sala da urgência sou chamada á ginecologia. Explico á médica o que sucedeu, e ela começa a observar-me, derrepende olho para o seu rosto e percebi claramente que algo estava mal. A médica tentou-se mostrar positiva mas acabou por me marcar uma mamografia de urgência para a Segunda-Feira seguinte.

Saí do hospital com a sensação clara que algo não estava bem. Como estávamos na zona da Expo resolvemos almoçar por ali, um almoço divertido em família, embora o meu subconsciente estivesse a pensar o que se passava.

Cheguei a casa e fui para a Internet e após algumas pesquisas fiquei com a noção clara que os meus sintomas eram os típicos de quem tem Cancro da Mama.

Na Segunda seguinte lá me dirigi até ao hospital para fazer a mamografia e ecografia. Lembro-me que quando entrei na sala para fazer o exame a técnica me disse "Não esteja preocupada você é nova não deve ter nada". Eis se não que, começa a fazer o exame e pede-me para esperar um pouco pois tinha de chamar o médico. A espera de poucos minutos tornou-se insuportável, tive vontade de fugir e tive a certeza que algo muito mau se passava. Nada me disseram e enviaram-me para a ecografia, aí o médico disse-me que tinham encontrado uma massa que podia não ser nada mas tinha no dia seguinte voltar ao hospital para fazer uma biopsia. Saí do hospital em pânico, liguei de imediato ao meu marido que me foi buscar pois já não tive forças para conduzir.

O meu filho ainda não estava no colégio, pois só entrava em Setembro e tive nesse dia de ir ainda a casa dos meus pais buscá-lo tentei não preocupar muito os meus pais mas não foi fácil.

No dia seguinte acabei por fazer a biopsia em vez do hospital fiz no Centro de Senologia. Quando comecei a fazer a biopsia que me doeu horrores (apesar de ter levado anestesia local), o médico virou-se para mim e disse, já sabe o que é não sabe? Eu respondi é Cancro não é? Ele respondeu-me temos de ter a certeza com a análise mas pela extensão da lesão é de certeza cancro. Já estava á espera não consegui se quer verter uma lágrima, embora admito tenha ficado uma no cantinho do olho.

Saí da sala da biopsia e tinha o meu marido na sala de espera que me perguntou muito ansioso então? Eu respondi com a maior naturalidade do mundo, é cancro. Ele ficou atónito.

No dia a seguir fui trabalhar normalmente e os meus colegas nem queriam acreditar que eu estava ali e que estava a reagir de uma forma super natural como se em vez de um cancro tivesse uma gripe.

Passados 3 dias recebo a confirmação que é efectivamente cancro in situ de grau III.  Fui de imediato ao centro de saúde, que enviaram nessa mesma hora toda a informação necessária para o IPO de Lisboa.

Na segunda seguinte fui á primeira consulta e aí é que as notícias foram as piores, pois não só tinha cancro como teria de retirar o peito. Agora imaginem uma pessoa com 35 anos de repente dizerem-lhe que vão tirar o peito. Nem queria acreditar. Mesmo assim saí da consulta e mais uma vez sem verter uma única lágrima e fui trabalhar.

Os meus pais e toda a restante família ficaram devastados, é difícil descrever o estado em que ficaram, principalmente os meus pais e o meu marido. A minha mãe tinha o olhar perdido, o meu pai tentava disfarçar mas não conseguia. Ver a minha família assim só me deu mais força para continuar e reagir de forma positiva, pois quanto melhor eu reagisse melhor eles também reagiriam.

Passados poucos dias no IPO fiz os exames de preparação e fui operada.

Como digo não sei onde fui buscar forças mas acredito que tenha sido ao meu filho pois não queria que ele se apercebe-se de nada. Para além dele tenho uma família fantástica que todo o apoio me deu. O meu marido então foi uma pessoa espectacular esteve sempre ao meu lado. Os meus amigos e colegas também me deram muito apoio. Sou uma felizarda por estar rodeada de pessoas fantásticas.

 

A cirurgia

 

No espaço de 15 dias a minha vida ficou de pernas para o ar. Chegou o dia da operação o meu filho só tinha 1 ano e meio, por isso o dia antes de ir para o hospital foi um azáfama para mim, deixar comida feita, roupas preparadas tudo o que possam imaginar para que o meu marido tivesse o menor trabalho possível. Na véspera da cirurgia tive de dar entrada no IPO por volta da hora de almoço para começar a preparação pois era operada no dia seguinte. Cheguei ao IPO naturalmente calma como nunca pensei que fosse possível. Digeri-me ao piso onde ia ficar internada e fui atendida por uma Enf.ª da minha idade espectacular que me explicou  tudo o que ia acontecer, senti-me apesar de tudo segura e confiante.

Nesse dia á tarde ainda estive a fazer uns exames de preparação mas nada de especial (electrocardiograma, consulta de anestesia, etc.).

Á noite já não pude comer e a ansiedade começou a aumentar mas estava bem. Fiquei num quarto pequeno e apenas tinha uma colega de quarto que também ia ser operada no dia seguinte. Por incrível que possa parecer dormi bem. Acordei de manhã e comecei logo a ser preparada para ir para o bloco. Quando saí do quarto já deitada na marquesa a minha família estava á minha espera no corredor para se despedir. Foi um momento angustiante ver a cara de sofrimento deles. E verdade seja dita, que quando vamos para este tipo de cirurgia sabemos que algo mais pode ser encontrado, que foi o meu caso.

A cirurgia demorou mais que o previsto pois para além do tumor que já tinha sido detectado, foi detectado um segundo que estava oculto. Mas nem tudo foi mau, pois como os médicos dizem os meus tumores estavam todos numa zona restrita e não se tinham espalhado, nem se querer foi necessário tirar o glangio sentinela. Colocaram-me durante a operação uma prótese temporária chamada expansor.

Quando acordei tive uma sensação de que tinha sido pouco tempo, entretanto saí da sala de recobro e fui transportada para o quarto e recordo como se fosse hoje que o abanar da marquesa as dores horríveis que me provocava. Quando cheguei ao quarto transferiram-me para a outra cama aí gritei de dores. Eu até não me considero uma pessoa mariquinhas mas aquilo dói a sério. A minha família estava á minha espera, mas não conseguia falar devido á mal disposição que sentia, só lhes pedi vão para casa, amanhã falamos, mas antes perguntei que horas são e o marido disse-me 16:30, nem queria acreditar que tinha passado tanto tempo. Nunca tinha levado nenhuma anestesia geral, mas a sensação de perda quando ficamos depois de acordar é estranha.

Passei uma noite horrível, pois queria mudar de posição mas não conseguia, as dores eram horríveis apenas se me tentasse mexer, caso contrário eram suportáveis. Ainda por cima fui operada numa semana extremamente quente e o quarto estava um forno.

Acho que acabei por passar pelas brasas e no dia seguinte acordei super bem disposta. A Enf.ª ajudou-me a levantar, mas doía tanto quando tentava mexer o braço. Deu-me banho e nesta altura sentimo-nos impotentes e dependentes dos outros. Depois de estar bem limpinha veio o médico ver como é que eu estava da cirurgia e fazer o penso.

Quando me estavam a fazer o penso, o meu marido entrou no quarto. Fiquei em pânico. Não sabia como ele ia reagir, mas foi espectacular pois ele conseguiu manter-se como se fosse a coisa mais natural do mundo. E isto deu-me ainda mais força para continuar pois tinha ao meu lado uma pessoa a apoiar-me a 100%.

Durante este dia cheia de analgésicos fui me sentido melhor, as Enfªs obrigavam-me a mexer o braço para aliviar a dor e não é que resultava. No dia seguinte, já consegui tomar banho quase sozinha, tive uma pequena ajuda do meu marido.

Passei 5 dias no IPO, pois tive de esperar que parasse de drenar para poder sair. Ao fim de cinco dias voltei para minha casa, mas sentia-me insegura e apesar do calor que estava, sempre que andava na rua vestia um casaco impermeável para esconder a falta do peito. Mas foi bom voltar para o meu canto, para a minha casinha e para junto do meu filho.

Nesta altura é que começamos a sentir-nos um pouco em baixo e a desmoralizar, é preciso ter  um grande apoio familiar para conseguir superar. A dor é grande e enquanto estamos no hospital não temos espelhos, em casa a realidade é outra e quando pela primeira vez, vemos como ficamos o nosso mundo caí. Sentimos que nos mexeram na nossa feminilidade, falta algo, sentimo-nos menores.

 

 

Os tratamentos de enchimento da prótese

 

Saí do hospital num sábado, e na segunda seguinte o meu filho entrava na escola. Apesar das dores decidi que o queria acompanhar no seu primeiro dia de colégio. E assim foi, voltei a vestir o meu casaco impermeável, fazia um calor horrível, mas não desisti. Fui com ele á escola e passei lá a manhã até verificar que ele já se sentia um pouco mais confortável. Estava a ficar com muitas dores mas mesmo assim falei com a educadora e com o director do colégio e contei o que se estava a passar. Embora estivesse a fazer tudo o que podia para o meu filho não se aperceber, a realidade  é que ele sabia que algo não estava bem, pois de um dia para o outro a mãe deixou de poder de lhe dar banho e de lhe agarrar ao colo. Foi difícil, e como devem calcular não se consegue explicar isto a uma criança de apenas um ano e meio.

Lembram-se de eu ter dito que durante a operação me colocaram uma prótese. Sim colocaram, mas essa prótese na cirurgia não está no seu tamanho final e semanalmente temos de ir ao IPO enche-la com soro até o peito ficar com um tamanho mais ou menos final. Esta prótese permite efectuar tratamentos de radiação e mais ou menos 8 meses após o fim da radiação é substituída pela de silicone, e aqui começam as cirurgias estéticas de reconstrução, mas até lá ainda há um grande período pela frente.

Assim, semanalmente lá ia eu ao IPO fazer o enchimento da prótese, que demorou cerca de um mês e meio até estar concluído. Esta prótese que se chama expansor tem uma válvula e nesta válvula entra uma seringa com soro. Quando nos estão a colocar o  liquido não dói, pois estamos deitadas, o problema é quando nos levantamos. A sensação quando nos levantamos é de falta de ar, algo nos está a comprimir o peito, é horrível e cada sessão pelo menos para mim era voltar ao dia da cirurgia. Durante dois dias dói, depois começa a aliviar e quando já estamos a ficar melhores, temos novo tratamento. Para mim estes enchimentos foram o pior de todo o processo, pior mesmo que a quimioterapia.

Acabei estes tratamentos e passados uns dias estava a trabalhar, tive cerca de um mês e meio de baixa. Felizmente podia voltar a trabalhar e vestir as minhas roupas pois já não havia grande diferença no peito. É claro que tinha uma pequena diferença até porque eu tinha o peito grande mas não era nada do outro mundo. A minha auto estima estava a começar a melhorar.

Por estes dias tive uma consulta no IPO onde me explicaram que tinha de fazer quimioterapia e radioterapia. O que mais me custou nesta consulta foi me dizerem que não podia ter mais filhos e que com a quimio quase de certeza que ia ficar estéril. Custou-me um pouco ouvir isto, pois quando descobri que tinha o cancro estava a começar a preparar-me para ter o meu segundo filho, que eu imaginava que iria ser uma menina de nome Matilde.

Quando o médico me estava a explicar os efeitos secundários da quimio disse-me que me iam passar baixa pois eu não ia aguentar trabalhar e fazer os tratamentos. Eu respondi não, vamos ver como corre, vou tentar conciliar as duas coisas, eu não quero ficar em casa quero me manter activa. Enquanto estiver activa, a minha mente está ocupada e não penso naquilo em que não devo.

Mensagem que passo a todas as mulheres não parem a vossa vida, façam tudo o que sempre fizeram claro dentro das limitações que passamos a ter, mas não desistam.

 

Por esta altura devem estar a pensar será que esta rapariga nunca chorou? Chorei muito mais á frente vão perceber quando.

 

Quimioterapia

 

Terminados os tratamentos de enchimento da prótese, começaram os tratamentos de quimioterapia. Fui á primeira consulta onde me foi explicado o que se ia passar. Dizem-nos que provavelmente nos vamos sentir enjoados até uma semana após a quimio. Claro que nem todos reagem da mesma maneira e que este tipo de quimio provoca queda de cabelo uma semana após a primeira sessão.  Marquei as minhas sessões de quimio sempre á sexta-feira para poder recuperar um pouco mais durante o fim de semana e lá para o meio da semana já poder estar a trabalhar. Sim é verdade não fiquei em casa de baixa, continuei sempre a trabalhar.

No primeiro dia a ansiedade era bastante grande, o medo da incerteza e como ia reagir.  O tratamento em si não custa nada, colocam-nos um cateter e no espaço de uma hora injectam-nos no nosso sangue aquilo a que eu chamo a bomba atómica, mas uma boa bomba que vai matar o bicho que temos cá dentro, por isso quanto mais depressa o matarmos melhor.

Saí extremamente bem disposta do tratamento, ao longo do dia comecei a sentir um pouco nauseada mas nada de mais. Mas verdade seja dita que também não tive neste dia, muita margem para ficar em casa pois o meu filho adoeceu bastante e tive de ir com ele para o hospital. Lá para o fim da noite sentia-me mais cansada e mais nauseada deitei-me. O meu filhote embora muito pequeno e doente,  percebeu que algo não estava bem e a partir daqui quando eu ia para a cama ele ia também e fazia-me miminhos. Era o melhor que o meu filho me podia dar. Acabei por  adormecer e acordei no dia seguinte um pouco melhor. Esta sensação de náusea sem nunca vomitar manteve-se durante três dias e ao fim destes dias começou a passar. Na quarta seguinte já estava a trabalhar. Nesta mesma semana na sexta-feira tal como me tinham dito no IPO comecei a sentir uma comichão enorme no couro cabeludo, no dia a seguir aconteceu o que eu mais temia. O meu cabelo começou a cair. Quando digo a cair não é um pouco é mesmo muito, a tomar banho fiquei com a franja na mão. Custou-me muito, quem me conhece sabe que eu sempre tive um farta cabeleira comprida. Agarrei no meu marido e no meu filho e fui rapar cabelo e insisti para que o meu filho assisti-se.  Fiquei com uma dor na alma enorme, o meu lindo cabelo comprido. Mas ainda não foi desta que chorei. Fui a seguir passear pelo centro comercial com o meu novo visual e foi horrível, toda a gente olhava para mim com ar de pena. Não aguentei e comprei uma peruca toda gira, muito natural e que houve muita gente que não percebeu que eu estava a usar uma.

A segunda sessão de quimio foi muito semelhante é primeira sendo que desta vez, vomitei. Nas terceira, quarta e quinta sessão já não vomitei e passei tal como na primeira. A sexta sessão já foi um pouco pior, para além de ter sido difícil me colocarem o cateter, pois as minhas veias já estavam saturadas, fiquei com uma reacção nos olhos. Fiquei com os olhos vermelhos durante quase uma semana tive mesmo de colocar antibiótico. Mas não fazia mal era a última tinha livrado da quimio. Para  mim a quimioterapia não foi muito difícil passei relativamente bem.

Escusado será dizer que o meu marido esteve sempre presente em todos os tratamentos.

 

Radioterapia

 

Passado um mês de ter acabado a quimioterapia, comecei a radioterapia. Mais uma vez tive de fazer uma consulta prévia e um exame de preparação. Neste exame de preparação o médico decide onde vai incidir a Radio e marcam-nos na zona do peito com uns pontos de tatuagem. Estes pontos vão servir de guia para os radiologistas fazerem o tratamento.

A primeira sessão foi durante a manhã, estava um pouco ansiosa pois não sabia ao que ia, estive de esperar um pouco na sala de espera, pois estava atrasado. Odiava a sala de espera da Radioterapia, é um local onde estão todas as pessoas com os mais diversos tipos de cancro. A mim custava-me principalmente por causa das pessoas com cancro na garganta, que estavam todas entubadas. Aquilo custava-me imenso doía-me muito ver as pessoas com aqueles tubos todos, era horrível.

Ao fim de uma hora lá fui chamada, explicaram-me como me tinha de deitar e em que posição tinha de colocar os braços. Depois mandaram-me ficar quieta naquela posição cerca de 3 minutos que é o tempo que dura a Radio. Pensei que fosse sentir algo quando o exame começou, mas não, não senti absolutamente nada.

Acabei o tratamento e fui trabalhar.

Consegui marcar as restantes sessões sempre para a hora de almoço e assim não faltava muito tempo ao emprego. Não que a empresa me tivesse colocado qualquer restrição porque nunca o fizeram, pelo contrário ajudaram-me imenso e apoiaram-me muito. Mas eu sou sim, não queria prejudicar muito a empresa, nem atrasar muito o meu trabalho.

Assim foi durante 33 sessões, dias semana seguidos excepto fins de semana lá ia eu para a Radioterapia.

Mais para o fim comecei a ficar com a pele um pouco sensível, segui sempre á risca as indicações das radiologistas  que me mandavam colocar muito bephantene. Consegui chegar ao fim com a pele um pouco sensível mas não queimada.

A minha última sessão nunca mais me vou esquecer foi no dia 24 Abril, foi o meu grito de liberdade dos tratamentos.

Sim aqui acabei os tratamentos depois durante algum tempo cerca de 8 meses apenas fiz as consultas de acompanhamento. Pois tal como referi atrás agora teria de esperar pelo menos 8 meses para poder fazer a reconstrução.

 

Finalmente chorei......

 

Nos 8 meses que seguiram comecei aos poucos a retomar a minha vida normal, ou pelo menos a tentar.

Comecei a fazer desporto mas não foi fácil pois a prótese com o esforço provoca-me dores. Optei apenas por andar na passadeira.

Dediquei mais tempo á minha família, principalmente ao meu filho, e isso permitiu também que o meu marido pudesse acabar o curso, pois o facto de eu ter ficado doente fez que ele tivesse muitas vezes deixado para trás. Mas felizmente acabou por conseguir.

Fomos de férias nesse ano a Porto Santo, e aqui começou a primeira aventura, como vestir um fato de banho? É verdade que me tinham enchido a prótese, com roupa a diferença notava-se um pouco mas nada de especial mas com fato de banho já não era assim. Notava-se muito ainda por cima não tinha ainda feito a mamoplastia de redução do outro peito. Vesti os fatos de banho normais e não dava, disse ao meu marido, eu não vou á praia. 

Á noite já um pouco mais calma pesquisei na NET  e encontrei várias casas em Lisboa com produtos específicos para pessoas como eu. Consegui comprar fatos de banho adaptados em que praticamente não se notava nada no meu peito. Foi fantástico senti-me feliz podia ir gozar as minhas férias sem ninguém saber.

Diverti-me imenso em Porto Santo adorámos, estávamos mesmo a precisar de descansar e passar uns bons momentos em família depois de tudo o que passamos.

Em Setembro fiz a primeira Mamografia após a cirurgia, andei quase uma semana a pensar no assunto e super ansiosa. Finalmente chegou o dia e fiz o exame estava tudo bem, foi um alívio enorme.

Até este momento a minha cabeça andou sempre demasiado ocupada com consultas, tratamentos, etc, que acabei por nunca ter tempo na realidade para pensar em tudo o que se estava a passar e no que realmente estava a sentir.

Num belo fim de semana de fim de verão, fomos dar um passeio á marina de Oeiras, o meu filho e o meu marido foram andar de kart  e eu pus andar em direcção a uma aula de Body Combat, que se estava a realizar  para quem quisesse participar. Para quem não sabe esta era a modalidade que eu praticava, antes de ter descoberto o cancro.

Olhar para aquelas pessoas a praticar a modalidade que eu tanto gostava e que já não podia praticar doeu-me muito. As lágrimas começaram-me a cair desalmadamente pela cara abaixo, não conseguia parar. Pela primeira vez senti quais as limitações que eu tinha e que não era mais a mesma pessoa e nunca mais o iria ser. Pela primeira vez perguntei porquê eu?

Neste dia fiquei de rastos completamente e o que prometia ser um belo Domingo de sol acabou por ser para mim o primeiro dia em que chorei.

 

Em Dezembro de 2009 meu filho apanhou gripe A, nada mais me podia acontecer. Ficamos em pânico mas por incrível que possa parecer, os médicos estavam mais preocupados comigo do que com ele, pois eu tinha as minhas defesas em baixo. De imediato o IPO e o centro de saúde me puseram a tomar a coisa mais horrível que já tomei, o tamiflu. Felizmente o meu filho passou bastante bem, teve apenas dois dias de febre forte e passou.

Acabei um mês depois por ser vacinada contra a gripe A.

 

 

A cirurgia de reconstrução

 

Em Janeiro de 2010, fui chamada para a consulta de cirurgia plástica, explicaram-me o que me iam fazer. Primeiro ia encher mais um pouco a prótese, de forma a que a pele esticasse um pouco mais. No mesmo acto cirúrgico iam me reduzir a outra mama e retiravam a prótese e colocavam então a de silicone.

Assim foi, uma semana após a consulta fiz o primeiro enchimento da prótese, como nos anteriores tratamentos doeu, mas acabei por recuperar mais rapidamente do que das outras vezes. Como só deveria ser operada daí a três meses iria até lá fazer alguns enchimentos. Surpresa, surpresa, um par de dias depois ligam-me do IPO, a dizer que havia uma vaga e que eu iria ser operada, mas havia um senão, é que nesse dia era greve dos enfermeiros e a cirurgia poderia não se realizar. Aceitei na mesma e nessa semana fiz os preparativos para a operação.

Aqui voltei a chorar. Estava na sala de espera das análises quando uma voluntária vem ter comigo, e me diz “o que está aqui a fazer esta linda menina de olhos azuis”. Desatei mais uma vez a chorar imenso e não conseguia parar. Sei que esta senhora estava apenas a dar-me carinho, e ajudar a mim e a todos os outros que lá estavam a passar o tempo, elas são realmente espectaculares, mas naquele dia aquelas palavras fizeram-me voltar a chorar. Pois para mim, de linda já nada tinha apenas a cara e os belos olhos azuis, pois estava mutilada.

Tal como previsto dia 28 de Janeiro dei entrada para ser operada ao fim do dia, mas tal como se previa não fui e por volta das 18:00 mandaram-me para casa e disseram-me que ainda podia ser que me chamassem no dia seguinte, pediram-me para não comer nada a partir da meia noite, não fosse a greve desconvocada e eu ser operada no dia seguinte. Não aconteceu, não fui operada no entanto mesmo que não tivesse havido greve também não deveria ser operada pois estava super constipada. Marcaram-me então a cirurgia para a semana seguinte na primeira semana de Fevereiro de 2010.

Entrei no IPO no próprio dia em que ia ser operada, fui para o bloco por volta das 16 horas e às 21 horas já estava no recobro onde desta vez passei a noite. O acordar da cirurgia não me custou tanto como da primeira vez, até acordei bastante bem disposta. Passei a noite nesta sala e tinha um calor horrível. No dia seguinte as Enfªs tentaram-me por de pé como é hábito, mas não correu bem, quase desmaiei. A minha tensão desceu imenso tiveram que me voltar a deitar. Depois levantaram-me ligeiramente a cabeceira da cama e fiquei assim durante mais um bom bocado. Como estava bem, nova tentativa de me levarem a tomar banho, sentaram-me na cadeira e voltei a sentir-me mal foi tão rápido que só me lembro de a Enf.ª estar á minha frente a perguntar se a estava a ouvir e eu não conseguia responder. Voltaram-me a deitar. Perto da hora de almoço nova tentativa, estive sentada um pouco e até estava a começar a reagir, pelo que me levaram para a casa de banho para o banhinho, que não aconteceu. Quando já estava na casa de banho, mais uma vez fui-me abaixo não conseguia falar nada e só me lembro de colocarem numa cadeira com rodas e correrem para o quarto para me ligarem toda novamente. Aqui a sensação foi super estranha pois parecia que eu estava a ver tudo, mas fora do meu corpo, horrível. Acabei por ficar mais um dia ligada do que seria de esperar. No fim desse dia nova tentativa e acabou por correr bem. Finalmente podia ir tomar um duche. Desta vez as dores foram muito suportáveis o peito da prótese que agora tinha silicone quase não doía o outro doía um pouco mas nada de mais. Nesta cirurgia o médico para além da redução do peito contrário, da colocação do silicone fez também a auréola do peito doente. Só ficava a faltar o mamilo.

No dia seguinte acordei com a minha barriga vermelho sangue, estava a ter uma reacção alérgica a algum medicamento, tive de tomar cortisona.

Passei bem no pós operatório algumas dores mas nada de mais o problema é que agora tinha os dois peitos mexidos e isso dificultava um pouco as minhas tarefas. O pior do pós operatório foi mesmo ter de andar cerca de 15 dias a tomar banho parcial pois não podia molhar os pensos.

Mas passou e valeu a pena o resultado final estava óptimo, agora praticamente não se nota nada e posso usar decotes á vontade  e ir á praia com fatos de banho normais.

 

Neste momento fiquei em lista de espera para a cirurgia de reconstrução do mamilo.

 

Uma nova vida

 

Durante o ano de 2010 recomecei aos poucos a recuperar a minha vida, quer em termos pessoais como profissionais.

Com a mudança do expansor para uma prótese de silicone, as dores começaram a passar, passei outra vez a conseguir movimentar o meu braço quase normalmente e sem grandes limitações. Claro que continuo a não conseguir fazer determinadas coisas, mas as dores já quase não existem, a não ser que faça algum esforço que não deva.

Uma das coisas que por incrível que possa parecer que me continua a custar bastante é por exemplo despir uma camisola, principalmente se for um pouco mais justa, custa mesmo muito.

Em Fevereiro de 2011 fui finalmente chamada, para efectuar achava eu, a minha última cirurgia de reconstrução do mamilo.

Foi uma cirurgia em ambulatório e correu bem  embora me tenha custado um pouco. Pois a pele necessária para reconstrução do mamilo foi retirada da cicatriz que tinha de redução do outro peito.

Fiquei um pouco dorida mas nada de especial. Desta vez o IPO decidiu que eu deveria fazer o penso no centro de saúde, e claro correu mal. Não me efectuaram bem o penso e o mamilo colapsou.

Passada uma semana fui ao IPO e o médico ficou hiper aborrecido pois tinham estragado tudo o que tinha sido feito na cirurgia. Resumindo, estou novamente em lista de espera para uma  nova cirurgia. O pior destas cirurgias é que durante pelo menos 15 dias não podemos tomar banho em condições.

No dia em que fui ao IPO e o médico me disse que tinha colapsado chorei o dia todo e a noite toda. Estava super feliz a pensar que tinha acabado esta fase da minha vida, mas não aconteceu. Fiquei super revoltada.

Pensei apresentar queixa da Enf.ª que me assistiu no centro de saúde mas acabei por desistir, talvez a culpa não seja na totalidade dela porque no final eles também não tinham os pensos que eram necessários colocar. Aqui a culpa é mais da miséria em que estão os nossos centros de saúde em termos de material e o facto de não estarem preparados para tratar este tipo de patologias.

 

Apesar de tudo, em Maio de 2011 recomecei a fazer desporto claro que com algumas limitações e aos poucos tenho retomado a minha rotina. Agora aguardo a nova e espero última cirurgia.

 

Quero aproveitar para deixar um grande OBRIGADO a todos os profissionais de saúde que me assistem no IPO que são espectaculares. Aproveito também para agradecer todo o amor, carinho e apoio que a minha família me tem dado, em especial os meus pais e o meu marido, e dar um beijo muito grande ao meu filho lindo.

Não me posso esquecer também de agradecer a todos os meus colegas e amigos que me ajudaram imenso em especial ao António e ao Luís, eles sabem quem são.

 

 

Agora é só continuar a tomar o famoso comprimido cor de rosa e vigiar de 6 em 6 meses até aos 5 anos. Depois veremos quais são as indicações médicas.

 

Espero que esta minha pequena história possa ajudar muitas mulheres, sempre que existirem novidades actualizarei o blog.

 

 

 

 

Consultas de acompanhamento 2011

 

Olá, pois é fiz agora em outubro as minhas consultas de acompanhamento e estava tudo bem felizmente. Vou voltar em Janeiro para ver se marco a última cirurguia de reconstrução se tudo correr bem para o início de 2012 faço a minha última cirurgia.

 

Tenho me sentido bem, embora tenha andado uns dias muito em baixo acabei por ter de tomar vitaminas para recuperar. Os médicos dizem que é normal temos dias melhores e dias piores.

 

Voltei a falar com os médicos sobre a possibilidade de ter um novo filho e não posso mesmo, como o meu cancro é hormonal a probabilidade de o cancro voltar é muito grande. Tem custado um pouco esta decisão. Sei que posso sempre adoptar, mas vai ser complicado por ter tido um cancro, mas acho que vou tentar.

 

Comecei a escrever o meu livro espero conseguir acabá-lo em breve.

 

Obrigada mais uma vez a todos. 

 

 

Consultas de acompanhamento 2012

 

Início do ano, nova consulta de cirurguia plástica, boas notícias depende do ponto de vista, em termos de saúde tudo bem, conclusão da reconstrução voltei á enorme lista de espera, novamente adiada. Volto em Julho talvez tenha novidades nesta altura.

 

Fevereio de 2012 - Estou no conforto da minha casa a fazer o belo do jantar, quando de repente sinto uma espécie de estalo no peito e dores horrívies. Passei uma noite péssima dores e mais dores não consigo mexer o braço. Mas teimosa como sou de manhã acordei um pouco melhor e resolvi ir trabalhar. Senti dores ao longo do dia mas foram suavizando com o passar das horas. Chego a casa  preparo um belo banho de banheira cheia e eis que olho para o espelho e verifico que tenho a zona da costura vermelha.

 

Pensei amanhã vou para o IPO mas como de manhã cordei ligeiramente melhor não fui. Estou ainda com algumas dores nada do outro mundo liguei para o IPO mas o médico está a operar agora só me pode ver na segunda feira, espero que no fim de semana isto não piore. O que será que aconteceu? A prótese rebentou? Os pontos internos rebentaram? Ou a prótese se deslocou? Bem a ver vamos com o azar que eu tenho isto não vai correr bem.

Para a semana dou notícias.

Resumindo como passou não fui ao médico.

 

 

Exames Março de 2012

 

Boas notícias, mamografia está limpa, e todos os exames efectuados ok.

 

A única coisa que não está a correr tão bem é a medicação, não mes estou a dar muito bem com o tamoxifeno. Agora estou a ser seguida na gastro en Santa Maria, pois tenho algumas crises. Nada de preocupante é só mais um efeito secundário.

 

Provavelmente este ano ainda vou tirar o útero e os ovários, pois em teoria eu não deveria ter periodo, pois é como gosto de ser diferente continuei sempre a ter. O que é mau, tendo o meu cancro uma componente hormonal. Estou a fazer alguns exames e para a semana vou á médica e vamos ver qual a decisão. O que me deixa mais triste não é o facto de tirar o útero e ver as minhas changes de ter um novo filho por água abaixo. Mas nem tudo é mau consegui ter um filhote lindo que amo muito e que é a minha alegria e a minha força de viver.

 

Obrigada a todos os que me tem acompanhado, vou dando notícias sempre que necessário.

 

 

Consulta de Agosto de 2012

 

Pois é já fiz o exame ao útero estou á espera do resultado da biopsia, para Setembro já terei novidades.

O  melhor de tudo é que fui á consulta de plástica e já não estou em lista de espera, já assinei os papéis para autorização da cirurgia, vou finalmente acabar a reconstrução. É desta que aos 40 anos fico com mamas de 20......lol

No que se refere ao meu cancro tenho andado muito bem, e faço uma vida práticamanete normal.

 

No que se refere aos problemas gastricos é que as coisas não estão muito bem, resultados dos exames não foram os esperados e tenho de repetir. Sinto mal não há um único dia que não tenha dores/cólicas diagnóstico para já sindrome colon irritável. Muito bom não me faltava mais nada. Sinto-me pior agora do que quando fiz a Quimio. Nao aguento mais esta sensação de mal estar constante. Deram-me medicação mas acho que isto não faz rigorosamente nada. Tenho lido sobre o assunto e realmente é uma doença estúpida, que não tem cura e tem de se apresender a viver com ela, honestamente não estou a conseguir, é horrível o mau estar, já para não falar nas diarreias constantes. Horrivel deixei de ter prazer em comer pois já não como o que gosto mas o que me faz menos mal. Vou repetir os exames e depois logo veremos se vai haver evolução.

 

Daqui por uns dias dou novidades.

 

Outubro de 2012

 

Continuo á espera de ser chamada para a cirurgia de reconstrução. Esta ansiedade dá cabo de mim. Hoje estou especialmente triste, apetecia-me tanto fazer uma aula de Bodycombat. Estou a pensar seriamente em me inscrever num ginásio e ver o que consigo fazer. Tenho receio de depois ficar com dores mas como quem não arrisca não petisca acho que vou tentar. Ganhar coragem e tentar fazer aquilo que adoro e tantas saudades tenho. Agora ando a andar e correr na passadeira já consigo fazer 7 km, mas não é a mesma coisa.

Até breve

 

Novembro de 2012

 

Pois é fui chamada para acabar a reconstrução, vou terminar o mamilo e encher o peito com gordura pela técnica lipofilling. Vou esta semana fazer os exames de preparação e no fim do mês sou operada. Vou ficar com umas maminhas novas. eheh.

Espero que corra bem, e fecha-se um ciclo.

 

 15  de Novembro 2012

 

Acabada de chegar do IPO consulta de Oncologia e vou ter fazer mais um tratamento complementar ao Tamoxifeno, para me induzirem a menopausa. São injecções na barriga com o nome de Zoladex. Os médicos estão muito preocupados pois eu continuo a ter menstruação que no meu caso com a terapia que estou a fazer não deveria acontecer. O médico acabou por me confidenciar que o meu caso o preocupa bastante devido ao tipo de cancro que tenho e á minha idade. Também me disse que certezas que este tratamento vá ser eficaz não há no meu caso, vamos tentar tudo e logo se vê. Agora que já só ia de 6 em 6 meses ao IPO passo a ter de ir mensalmente.

Cancro estúpido estou tão farta disto. Pior de tudo é que provavelmente já não vou mesmo poder ser mãe outra vez. Enfim....

 

16 de Novembro 2012

 

Hoje o humor é mesmo mau sinto-me cansada de tudo e sozinha. O mais estranho é que tenho imensas pessoas a darem-me força mas mesmo assim sinto-me só, preciso de um abraço.....

 

 

27 de Novembro 2012

 

Pois é dia 27 fui operada era pressuposto fazer lipofilling, mas quando me estavam a preparar para a operação o médico que me ia operar que não é o mesmo ao qual vou ás consultas, verificou que a diferença que tinha entre os dois peitos era muito grande e impossível de corrigir só com uma cirurgia teria de fazer no total mais 4. Acabámos por decidir então fazer uma nova mamoplastia de redução. Fiquei com o peito mais pequeno mas igual. Acabou por não fazer o mamilo, pois a pele ainda não está pronta para uma nova reconstrução visto a primeira ter corrido mal por erro da enfermeira que me fez o penso no centro de saúde. Assim vou ter de aguardar mais um pouco e ver se vai dar ou não para reconstruir.

 

É verdade á dois anos já tinha feito uma mamoplastia mas a mama cedeu e voltou a crescer um pouco daí a necessidade desta nova cirurgia. Pelo que os médicos me explicaram isto é normal e é natural.

 

Fevereiro 2013

 

Pois é ao fim de dois meses e muitos problemas a cicatriz parece finalmente estar a fechar. Sim porque tive quase dois meses a perder liquido pois fiz reacção ás suturas. Enfim, estou quase boa vamos ver se é desta.  Tirando isso o peito ficou fantástico super uniforme só falta mesmo acabar o mamilo do outro peito.

Continuo a tomar o Zoladex e até agora sem grandes efeitos secundários, de vez em quando lá fico com um pouco de calor mas nada de especial.

 

Abril 2013

 

Hoje estou triste, nada me corre bem, estou tão cansada disto tudo. Fui á consulta de plástica e o médico confirmou-me que dificilmente poderei fazer a reconstrução do mamilo. Pode-se tentar mas sem grandes certezas. Acho que vou ouvir uma segunda opinião. Estou cansada muito cansada, não aguento mais ter de me esconder.

 

Julho de 2013

 

Pois é, isto não está fácil. Fiz a Mamografia e aqui tudo bem, sem problemas, menos mal. Em Novembro de 2012, comecei o tal tratamento com o Zoladex e surpresa, das surpresas veio-me a menstruação. Segundo o meu oncologista, pode ter sido um episódio isolado ou não. Aconselharam-me, tal como a minha ginecologista já me tinha dito a tirar os ovários e o útero. Vou fazer a cirurgia lá para Outubro e depois vão-me dar um outro tratamento por mais cinco anos. Por um lado, isto é bom porque durante mais cinco anos estou vigiada, por outro, é o acabar das esperanças de ter um novo filho. A vida é assim, apesar de tudo tenho muita sorte, pois já tenho um filho lindo e maravilhoso.

 

 

Outubro de 2013

 

Continuo á espera para retirar os ovários e o útero. Mas estou feliz retomei finalmente ao fim 5 anos o ginásio. iupiii já consigo fazer novamente BodyCombat, claro que não posso fazer esforços brutais com o braço direito mas posso fazer os gestos e consegui. Estou feliz. aos poucos tudo se vai recompondo.

 

Novembro de 2013

 

Ontem dia 13/11/13 consulta de oncologia, resultados todos normais. Levei na cabeça porque ainda não fiz a cirurgia para tirar o útero. Pronto, já marquei a consulta com a médica para marcarmos o dia da cirurgia.

De resto sinto-me bem, continuo a fazer desporto e efectivamente os primeiros dias tive algumas dores, o que é normal. Agora já estou a fazer sem problemas e claro sem movimentos bruscos. A ver se é desta que emagreço uns quilinhos. Sim porque fazer estas terapias todas engorda e de que maneira. Eu sempre fui uma pessoa bem constituida mas agora estou mesmo anafadinha.

 

Fevereiro de 2014

 

Finalmente a 7 de Fevereiro de 2014, diz a cirurgia para remoção do útero e ovários. Fui operada no Hospital da Luz, a cirurgia foi por via laparoscópica, correu bem e tive alta no dia seguinte. Felizmente não tive grandes dores no pós operatório, mas no entanto a recuperação é lenta, no meu caso o meu intestino e a minha bexiga não funcionaram logo muito bem. Para ajudar tive uma infecção urinária que não ajudou. Agora já me começo a sentir melhor.

Acaba aqui mais uma etapa, acaba o sonho de voltar a ser mãe. Apesar de tudo não me arrependo da decisão, perfiro ficar só com um filho e ter saúde para o acompanhar ao longo da sua vida.

Agora só começar uma nova medicação o Letrozol por mais 5 anos, vamos ver como o meu organismo vai reagir. Deixo também de ir mensalmente ao IPO e passei á fase mais estável de 6 em 6 meses.

 

1 Setembro de 2014

 

Sinto-me super bem, estou a dar-me bem com o Letrozol não sinto grandes efeitos. Estou á espera de ser chamada para fazer a mamografia anual. As últimas análises de Maio estavam optimas. A ansiedade também diminuiu bastante logo sinto-me melhor.

A vida é linda, viver cada dia intensamente como se fosse o último, aproveitar ao máximo a companhia dos nossos familiares e amigos.

Sinto-me feliz.

 

19 Setembro de 2014

 

Comecei a sentir dores nos pés á cerca de uma semana. Pensei que tinha feito alguma lesão na ginástica e não me preocupei muito, coloquei anti-inflamatórios locais e nada de passar. Estranho, ainda por cima nos dois pés. Cada vez, que me sento ou deito depois me levanto e coloco os pés no chão doí-me bastante e não consigo quase andar. Depois com a continuação do movimento começa a aliviar.

 

Meu deus os quarenta estão a fazer-me mal estou a ficar velha.

 

Como não passava antes de ontem resolvi ler a bula do medicamento, que estou a tomar o Letrozol e realmente fala em possíveis dores nas articulações.

No dia seguinte contacto o IPO, ao qual me informam que algumas mulheres reagem assim ao medicamento com dores nas articulações, se percebi bem o nome artralgia. Resumindo quando estou mais aflita tomar Nilotil ou Ben-U-Ron.


Só comigo tudo me acontece. Tenho aguentar isto mais 4 anos e meio ou será que isto será só assim alguns dias e depois alivia.

 

Hoje fui fazer uma densometria ossea, aparentemente tudo na normalidade. Para o ano tenho de voltar a repetir, para ver se o medicamento me está a provocar alguma perda ossea e se sim tenho de tomar suplementos.

 

E assim vou......

 

22 de Setembro 2014

 

Sinto-me melhor no sábado ainda tive algumas dores. No domingo felizmente passei melhor e hoje sinto-me quase sem dores. Quando estou sentada muito tempo e me levanto parece que tenho os pés presos, mas sem grandes dores e depois passa. Já me sinto mais animada.

 

27 de Setembro de 2014

 

As dores, fugiram?????? Será? Quase não tenho dores, quando estou muito tempo parada sinto as articulações um pouco presas, mas mais nada. Será que foram embora de vez? Ou será que daqui por uns dias estou zangada novamente. Esperar para ver....

 

21 de Novembro de 2014

 

 

Finalmente fui chamada para a mamografia, hoje de manhã voltei a ligar ao IPO e disseram-me que já me contactavam. Ligaram-me cerca das 11 da manhã para ir fazer o exame ás 14:00, houve uma Sra. que desmarcou. Lá fui e estou muito feliz, não se vê nada nos exames. Agora para a semana análises e consulta. Primeira etapa já está vencida. I'm so Happy.

 

29 de Novembro 2014

 

Estou feliz, ontem estive no IPO e as análises também estão boas, estou bem. Feliz por já ter consigo viver mais 6 anos. Agradeço todos os dias o médico fantástico que me acompanhou no IPO e me operou, percebeu que eu tinha de ser operada com urgência. Obrigada também a todos os outros, médicos, enfermeiros, auxiliares que me tem acompanhado nesta jornada.
A única coisa que preocupou a médica é o facto de eu não dormir. Então resolveu me mandar para a psiquiatria. WHAT? Não quero........mas tem de ser......finalmente ao fim de quarenta anos alguém me diz que eu tenho um parafuso a menos. Agora fora de brincadeiras, é só para ele ver qual a medicação mais indicada para mim, por forma, a que eu consiga dormir.

 

Maio de 2015

Boas notícias, fui ao IPO e continua tudo controlado. Graças a deus. No entanto estava na altura de fazer nova colonoscopia para ver como estava o meu intestino, pois como sabem é um bocadinho louco, como eu. Já fiz o exame e também está tudo bem. Desta vez custou-me um bocadinho, a meio do exame tive de ser anestesiada. A médica diz que estou limpinha também. Quanto aos ataques de personalidade do meu intestino, nada a fazer, tenho de aprender a viver com eles. Confesso que estava um pouco apreensiva nas acabou por correr tudo bem. 

 

Dezembro de 2015

 

Fiz nova mamografia e análises. Fui à consulta de rotina e continua tudo bem, limpinha. Tenho obviamente continuar a tomar o meu comprimido diariamente, ainda faltam três anos para completar o tratamento de 10 anos. Estou feliz.

 

Maio de 2016

 

Olá tenho andado um pouco desaparecida, mas tenho tido tanto trabalho e não consigo gerir tudo. Mas estou bem, hoje estive em Santa Maria, já lá tinha estado o mês passado na consulta de Gastro e com uma crise daquelas no dia da consulta. Agora para além da Gastro normal estou a ser seguida na nutrição, para ver que alimentos posso e não comer. Já tinha eliminado tudo o que tinha lactose, agora também tudo o que tem glutén. Vamos ver como corre e se me começo a sentir melhor e com menos crises. Isto da velhice é tramado. Agora sem brincadeiras, eu sempre tive problemas, mas agravaram-se com os tratamentos do cancro principalmente enquanto tomei o tamoxifeno. Agora ando melhor e com crises mais espaçadas, mas tenho alturas em que ando aflita.
Beijinhos a todas(os).
 

Agosto de 2016

 

Este mês tive a consulta de acompanhamento no IPO e na Gastro de HSM. Oncologia tudo bem, a médica disse-me que estava tudo bem, volto daqui por seis meses e continuo a tomar o Letrozol. Consulta de Gastro voltei á alimentação normal durante três meses. Não senti grandes melhoras com o facto de ter deixado de comer glutén, assim vou introduzir de novo o glutén e vamos ver como me sinto, se as crises aumentam ou não. Caso durante estes três meses piore tenho de voltar a comer tudo sem glutén. 
 
Fevereiro 2017
 
Consulta de rotina e exames anuais, tudo bem quer na mamografia, quer na eco e nas análises. Tem sido uma longa jornada, mas sinto-me bem. Agora é seguir em frente, mantenho o comprimido diário mas de resto impecável. É bom viver a vida.
 
Agosto de 2017
 

Consulta de rotina, continua tudo bem. Mantenho o Letrozol. Descobri, entretanto, que tenho uma bactéria no estômago. Não tem sido fácil, muitas dores de estômago, principalmente á noite. Vou começar um tratamento à base de antibióticos, vamos ver como corre.

 
Fevereiro de 2018
 

Fiz a mamografia e continuo impecável. Análises também estão boas. Entretanto o estômago é que não vou fazer segundo tratamento mais agressivo, o primeiro não resultou. A minha bicha de estimação, continua a dar-me cabo da vida. De resto ando bem.

 

Setembro 2018
 

Consulta de rotina, análises impecáveis. Mais um ano de Letrozol e depois logo se vê. Mas para já tudo a correr bem. No meio de todo este processo, olho para trás e penso, apesar de tudo o que interessa é que estou viva, e o meu filho tem uma mãe que o apoia, protege e ama muito.

 

Março 2019

 Tenho andado um pouco ausente.

Estive na consulta dos seis meses e continua, tudo perfeito. Ainda estou a tomar o Letrozol, mas já deve ser por pouco tempo. Faz agora 11 anos, que descobri que tinha sido contemplada com um cancro de mama. Apesar de tudo, creio que saí mais forte desta luta, aprendi a valorizar o que interessa, e a desvalorizar mesquinhices.  Acima de tudo, aprendi a dar valor à vida e que cada segundo conta. Voltei a fazer desporto regularmente, e neste momento tenho uma vida praticamente normal. Sinto-me bem. Sejam Felizes e vivam a vida.

 

 Outubro 2020

Tinha uma mancha no peito desde a radioterapia, em Abril em peleno confinamento, notei que começou a mudar de formato. Em setembro consegui finalmente ir a uma consulta de dermatologia, o médico não gostou muito da mesma e retirou um bocadinho para biópsia.

Resultado positivo para carcinoma. Tudo me acontece. Foi detetado a tempo.

Fui operada correu bem, agora é recuperar. Não desvalorizem os sinais de pele. No meu caso foi em consequência da radioterapia. Com diagnóstico confirmado de carcinoma. Mais uma cicatriz na maminha. Não tenho de fazer tratamentos, limparam com margem de segurança.
Força Guerreiras

 

Fevereiro  2021

 Depois de muitos adiamentos dos exames, devido à pandemia. Maldito Covid-19, tive finalmente alta hospitalar. Continuo em vigilância, mas parei todos os tratamentos.  Finalmente. Últimos exames todos limpinhos.

Vou continuar a dar update aqui no blogue. Força a todas as guerreiras e guerreiros, nunca desistam e sempre som um sorriso na cara.

Novembro  2022

 Fiz exames de seguimento, e continua tudo bem. Tive de mudar de oncologista, porque a minha reformou-se. Agora sou seguida pelo Dr. José Passos Coelho. Gostei bastante dele. Passou-me uma bateria de exames para fazer no próximo ano.


Dezembro 2023

Fiz exames de seguimento, e continua tudo bem. Vou fazer uma análise específica genética para perceber melhor o tipo de cancro que tive, por forma a ver se o meu filho precisa se ser vigiado ou não no futuro. 

 

 

 

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